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Mulheres à frente da Fórmula 1 no Brasil: a história de pioneirismo da Célere Intralogística

Atualizado: 31 de mar.

Em entrevista exclusiva à Paddock News, o CEO da Célere, Gustavo S. Ribeiro, revelou os bastidores dessa parceria histórica e o papel fundamental da empresária Regina Yazbek, cuja visão e persistência foram essenciais para consolidar a empresa como uma das principais referências em intralogística no país.



Preparação dos equipamentos - Arquivo Institucional Célere


  Quando se fala em Fórmula 1, a atenção normalmente vai para o espetáculo nas pistas. Mas por trás de cada Grande Prêmio, existe uma operação logística monumental que garante que tudo aconteça sem falhas. No Brasil, essa responsabilidade é da Célere Intralogística, que há mais de três décadas organiza o complexo transporte e instalação dos equipamentos e estruturas da Fórmula 1 em São Paulo.


Logística e Intralogística: o caminho dos bastidores até o autódromo


A logística e a intralogística desempenham papéis fundamentais, porém distintos, em operações que demandam alta eficiência, como é o caso do transporte e movimentação de materiais para eventos complexos, incluindo a Fórmula 1. Segundo o , Gustavo Ribeiro, "a logística envolve um conjunto amplo de atividades, incluindo transporte, movimentação de materiais e todo o processo de entrada e saída de itens (inbound e outbound). No Brasil, a logística ganhou força na década de 1990, especialmente após a estabilização da economia, com um crescimento nas montadoras que adotaram esses processos de forma organizada".


Em contraste, "a intralogística se concentra na movimentação interna dos materiais", lidando com toda a organização e deslocamento de equipamentos e suprimentos dentro de espaços controlados, como fábricas, centros de distribuição ou, no caso da Fórmula 1, dentro do autódromo. Ribeiro explica que, para o GP de São Paulo, a Célere cuida da logística interna de Interlagos, garantindo que tudo esteja no lugar certo durante o evento, incluindo o gerenciamento de materiais essenciais e a organização de equipamentos nos bastidores da corrida.


A Célere, fundada em 2008, foi pioneira no uso do termo "intralogística" no Brasil, diferenciando-a da logística tradicional. A empresa também amplia sua atuação ao realizar o transporte de cargas entre o aeroporto de Viracopos e o autódromo, assegurando que os materiais cheguem em segurança e estejam prontos para o evento. Assim, a atuação da Célere ilustra como logística e intralogística se complementam: a primeira garantindo o fluxo de materiais até o local e a segunda organizando-os internamente para a execução eficiente do evento.


A coragem de uma jovem empreendedora e o ínício de uma parceria histórica


Há 32 anos, Regina Yazbeki, acionista da holding da qual a Célere faz parte, enxergou uma oportunidade rara para uma empresa brasileira. Assumindo o comando da operação ainda muito jovem, Regina teve a iniciativa de buscar pessoalmente Bernie Ecclestone, então chefe da Fórmula One Management (FOM), entidade criada por ele e responsável pelo negócio da Fórmula 1.

Regina é a principal acionista da holding e assumiu a operação ainda muito jovem. Foi ela, há 32 anos, que identificou a necessidade e a oportunidade para essa operação" - Gustavo.

Gustavo Ribeiro relembra que, na época, o cenário era ainda mais desafiador para uma mulher no setor de logística, um ambiente notoriamente masculinizado. “Ela foi diretamente ao Bernie e ofereceu os serviços de operação logística. Inicialmente, ele ficou um pouco resistente, mas Regina venceu essa barreira”, destaca o CEO.


Mesmo com a resistência inicial, a operação no primeiro ano foi um sucesso, e desde então a Célere renovou contratos anualmente com a FOM. A colaboração foi tão sólida que, após a saída de Ecclestone e a aquisição da F1 pela Liberty Media, em 2017, a empresa firmou um contrato de prazo indeterminado com a organização. Segundo Ribeiro, o acordo se renova automaticamente a cada ano, ajustando apenas detalhes tarifários, o que demonstra a confiança construída pela empresa ao longo dessas décadas.


“A operação é realizada por outro operador no resto do mundo, e temos muito orgulho em dizer que, no Brasil, é feita exclusivamente por um operador logístico local: a Célere,” completou o CEO, com orgulho.

Complexidade e precisão: conheça mais detalhes da "Operação Interlagos"


A operação logística da Fórmula 1 em São Paulo é altamente complexa e exige um planejamento minucioso, iniciado com até seis meses de antecedência pela Célere Intralogística. Parceira da Fórmula 1 há 32 anos, a empresa é responsável por toda a intralogística do evento, cuidando do transporte e da movimentação interna de materiais no autódromo.


  A complexidade se intensifica nos GPs de back-to-back, como foi o caso do GP do México seguido pelo GP de São Paulo. Nesses casos, os carros que estavam em pista no domingo à tarde no México chegam ao Brasil já na segunda-feira à noite. Na liderança da equipe, Gustavo, explica que “a operação precisa ser extremamente precisa, pois temos horários rigorosos e sem margem para erros”.


A logística é realizada de forma mista entre transporte aéreo e marítimo. A carga aérea chega por dois cargueiros Boeing 747, que pousam em Viracopos. A partir desse momento, a Célere assume a organização e a movimentação dos pallets, que são distribuídos em caminhões seguindo uma sequência específica de entrega para cada equipe. “Quando recebo em Interlagos, já faço a separação do material, considerando a posição e a ordem para cada equipe”, detalha Ribeiro, enfatizando a precisão necessária na logística. Além disso, a operação utiliza transportes específicos, que levam três cases em cada uma, garantindo que os equipamentos de cada equipe cheguem ao local de forma organizada e sequenciada.


Empilhadeiras utilizadas na edição de 2024  - Arquivo institucional cedido pela Célere
Empilhadeiras utilizadas na edição de 2024 - Arquivo institucional cedido pela Célere
O cuidado da Célere vai além da simples movimentação de cargas. Os melhores profissionais da empresa são destacados para essa operação, e para eles, a participação no GP é considerada uma premiação por seu bom desempenho em outros contratos da Célere, como centros de distribuição e fábricas. O comprometimento da equipe e o rigor operacional tornam essa logística intrincada uma peça-chave para o sucesso do evento, especialmente em uma operação curta e com prazos tão ajustados. Segundo Ribeiro, “a logística da Fórmula 1 em São Paulo é uma operação nobre, e temos orgulho de sermos o fornecedor mais antigo da FOM, contribuindo com nosso know-how local para o sucesso do evento.”

As equipes de F1 são consideradas clientes da Célere, especialmente no que se refere à locação de equipamentos. Este ano, mais de 110 unidades, incluindo empilhadeiras e Telehandlers, foram disponibilizadas para facilitar a movimentação de materiais no autódromo. Embora grande parte dos equipamentos seja operada pela Célere, as próprias equipes, como Mercedes, Ferrari, Williams e Red Bull, também utilizam os equipamentos para acelerar o processo de montagem das cargas e pallets. As empilhadeiras, todas fornecidas pela Célere, são operadas tanto pela equipe da empresa quanto pelos membros das equipes de F1, mostrando a interação estreita entre os clientes e a logística do evento.


Curiosidades da operação da Intralogística no GP de São Paulo


  1. Mudanças no planejamento de carga: Em anos com muitas chuvas e acidentes, como o de 2024, o perfil da carga pode mudar drasticamente. Por exemplo, um carro acidentado em Interlagos não segue para a próxima corrida nos Estados Unidos, mas retorna para a Europa, alterando a logística previamente planejada




  2. Desafio do pitlane e da pista em Interlagos: Em São Paulo, a operação logística é mais complexa devido à diferença de nível entre o pitlane e a pista. Isso cria dificuldades para movimentar os equipamentos e cargas das equipes, que precisam ser transportadas pela entrada ou saída dos boxes, enfrentando morros e distâncias maiores.


  3. Portão de acesso recente: Há apenas dois anos, Interlagos implementou um portão de acesso da pista para o pitlane, localizado em frente aos boxes 7 e 8. Antes disso, a operação logística era ainda mais desafiadora, pois os carros alinhavam mais para baixo na pista, obrigando a equipe a correr até o pitlane para liberar a pista para a largada.


  4. Distância e obstáculos para empilhadeiras: As empilhadeiras, equipamentos essenciais para a movimentação das cargas, enfrentam dificuldades significativas em Interlagos devido ao terreno acidentado e às grandes distâncias. Esse desafio exige o uso de empilhadeiras de grande porte, que não são ideais para percorrer distâncias tão longas ou para superar os morros do autódromo.


  5. Complexidade da operação: A operação logística de Interlagos exige um planejamento minucioso, iniciado com até seis meses de antecedência. Apesar das dificuldades, a equipe da Célere Intralogística encara esses desafios como oportunidades para sair da zona de conforto e realizar uma operação precisa, garantindo que tudo esteja pronto para o início da corrida.


A importância do GP de São Paulo para o Brasil e para a Célere


A continuidade dessa parceria se torna uma prova da importância do GP de São Paulo para o calendário mundial da Fórmula 1. Ao longo dos anos, a Célere não só tem cumprido com excelência seu papel, mas também representa uma vitória para o setor logístico brasileiro, mostrando a competência nacional e reforçando a posição do GP como um evento imperdível na cidade de São Paulo.

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